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Moda: do luxo ao desespero

Recentemente estava ajudando minha mãe a escolher uma roupa para uma reunião e me deparei com um problema comum para muitas pessoas, mulheres em especial: o que vestir? A moda está sempre mudando, num eterno vai e volta que deixa qualquer um louco.

No caso, minha mãe estava fora de moda com uma camisa mais apropriada para a Inglaterra elisabetana do século XVI do que uma simples reunião de negócios no século XXI. Neon, mangas bufantes, babados, jeans, vestidos esvoaçantes e afins já tiveram seus momentos de glória e, provavelmente, retornarão em algum momento futuro… Mas vocês já se perguntaram o porquê disso e quem são os que determinam isso? (Será que existe um conclave fashion que ocorre semestralmente em algum lugar fantástico?)

Moda hoje é antecipativa
O psicanalista paulista Jorge Forbes escreveu um texto intitulado “Divino Luxo”, em que apresenta uma reflexão interessante: A moda de dois séculos atrás, antes das grandes casas de moda – ou maisons –, era baseada nos desejos do cliente, que buscava a modista ou alfaiate em busca de uma nova roupa, esta feita exclusivamente para ele, ou seja, a roupa se adequava à pessoa.

Hoje, a moda é antecipativa, isto é, são os estilistas que ditam o que devemos vestir e como devemos “ser”, nós é que temos que nos adaptar às roupas. Uma originalidade compartilhada por centenas. Os tamanhos são predeterminados, e, se você não encontrar um que sirva no seu corpo, azar o seu…

Tamanhos arbitrários
O que nos leva a outra pergunta: quem inventou os tamanhos? Essas medidas arbitrárias – para não dizer malditas – que tanto causam desespero e tristeza em tantas pessoas. Fico imaginando se esses “inventores” tiveram aula de física ou matemática no colégio, pois se tem uma coisa que eu me lembro das aulas é a questão do referencial! Pequeno em relação a quê, exatamente? Um elefante é pequeno em relação a um avião, mas grande em relação a um ser humano…

Apesar disso, conseguimos compreender – mais ou menos – os tamanho P, M, G… mas e o 36, 42, 48? 42 o quê? Metros de tecido? Pássaros que cabem dentro? Virgens que foram sacrificadas? Dias para produção? Sem contar que, muitas vezes, na mesma marca é possível vestir diferentes tamanhos só para divertir/enlouquecer mais o cliente.

E o pior: ah, pode ser um número menor, essa calça tem stretch. Por que eles não fazem a porcaria da calça no número normal levando o stretch em consideração? É um experimenta e tira infinito até achar a certa. Como sou uma pessoa grande, sempre acho que as roupas são feitas para os hobbits de Tolkien; preciso de muito mais pano para me cobrir! Não tenho vontade nem paciência para atentar contra o pudor alheio ou sair vestida com calça “pega-frango” – não está na moda.

Saúde mental
Além disso, a questão desses tamanhos arbitrários mexe com a nossa saúde mental. Olhar-se no espelho não é mais o bastante, seu cérebro não é mais o bastante, você precisa de uma confirmação física e de terceiros: entrar naquela calça ou vestido tamanho X. Isso nos torna escravos de pessoas que nem conhecemos, que nem ao menos sabemos direito quem são. É algo completamente surreal de se pensar, não acham?

Então, da próxima vez que tiver que pedir um tamanho maior ou menor, lembre-se, isso não significa nada! Os chamados “tamanhos padronizados” são tudo, menos normais ou iguais!

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