Beleza

Moda adota tecnologia de diferentes formas

Tecido com sensores, provador virtual adaptável, inteligência artificial na produção e metaverso são alguns dos destaques

A moda tem incorporado cada vez mais a tecnologia. Uma das novidades do segmento são os sensores vestíveis maleáveis desenvolvidos por pesquisadores do Imperial College London, em Londres, na Inglaterra. Capazes de monitorar atividades corporais, como respiração e frequência cardíaca, eles podem ser aplicados em roupas e máscaras de proteção faciais.

Os cientistas destacam que a estrutura flexível das roupas permite que os dispositivos tenham diversas aplicações. Fahad Alshabouna, doutorando em bioengenharia e autor principal do estudo, diz que os componentes são relativamente fáceis de produzir. “Isso significa que podemos escalar a fabricação e implementar uma nova geração de vestíveis em roupas do dia a dia”, explica.

O sensor é fabricado a partir de Pecotex, um fio condutor feito de algodão. Um metro desse material custa US$ 0,15 (algo como R$ 0,80 na cotação atual) e pode conter mais de dez sensores. Além do baixo custo de produção e da maleabilidade dos fios, o Pecotex é compatível com máquinas de bordar computadorizadas, utilizadas na indústria têxtil em várias partes do mundo.

Alshabouna explica que é possível bordar os sensores em diferentes peças de vestuário. “Em uma máscara facial para monitorar a respiração, em uma camiseta para acompanhar atividades físicas, em tecidos que detectam gases como amônia, um marcador para doenças hepáticas e renais”, descreve.

Os fios integrados às roupas não são danificados pelo uso contínuo mesmo quando a roupa é colocada em uma máquina de lavar. Como sua base é algodão, os fios são menos propensos à quebra em comparação com as opções de prata. “O Pecotex tem alto desempenho, é forte e adaptável a diferentes necessidades. Além disso, é possível fabricar um grande volume a baixo preço”, completa Alshabouna.

Provador digital inteligente

A compra de roupas pela internet pode ser difícil: na maioria das vezes, o caimento só é confirmado quando o produto é recebido. Um novo recurso no app do Walmart para iOS ajuda a superar esse obstáculo. Em vez de apenas sobrepor as peças a uma foto do usuário, o algoritmo ajusta a roupa realisticamente ao corpo do cliente.

Segundo o Walmart, a inteligência artificial da ferramenta considera como o tecido se acomoda de acordo com seu peso e simula as sombras correspondentes. A empresa informa que a solução é compatível com 270 mil itens de vestuário feminino (não há opções masculinas). Para usá-la, o cliente deve fornecer uma foto vestido com roupas íntimas.

O Walmart já passou por ocorrências de exposição de dados de usuários. Imagine ter sua imagem lá e isso acontecer novamente? Talvez valha a pena esperar por uma versão do software que não requeira fotos tão reveladoras.

Inteligência e sustentabilidade

A marca britânica Urbanic tem procurado usar a tecnologia para garantir que sua produção seja mais sustentável. A companhia integra a inteligência artificial a seus processos para reduzir os resíduos que podem poluir o planeta.

Dados da Global Fashion Agenda de 2020 apontam que as emissões de gases de efeito estufa pelo setor de moda já representam 10% do total global. A estimativa é que, até 2030, atinjam 2,7 bilhões de toneladas por ano.

Para diminuir o impacto ambiental, todo o processo de produção da companhia, o que inclui distribuição e vendas, é digital. Isso evita a produção excessiva de roupas, economiza água e reduz o desperdício. A inteligência artificial permite manter registro em tempo real da demanda de cada peça — assim, há melhor gerenciamento do estoque para não produzir excedentes.

James Wellwood, criador da Urbanic, destaca que a empresa quer mudar os padrões convencionais. “Não são apenas estilos em tendência de moda. Nossa missão é criar uma comunidade baseada na confiança e na ética.”

Metaverso da Fashion Week de Londres

Parte da London Fashion Week 2022 foi exibida no metaverso. Nesse espaço, um dos participantes é brasileiro: o fotógrafo Jacques Dequeker. Ele apresentou uma coleção 100% 3D em parceria com a casa de moda digital Hõl para vestir a modelos.

Para Dequeker, o metaverso proporciona liberdade criativa. “As marcas vão usar as novas ferramentas digitais para se diferenciar umas das outras e voltar a procurar seu espaço”, aponta. “Elas poderão criar sem se preocupar com o valor, apenas com o conceito. Isso é maravilhoso!”, completa.

Segundo o fotógrafo, os benefícios da tecnologia incluem a possibilidade de testar antes de executar e a facilidade de se apresentar no mundo todo sem sair de casa. “Minha mulher tem uma marca de roupa. Estamos fazendo a campanha primeiro no metaverso e depois ela vem para o mundo real. A ideia é vender nos dois mundos.”

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