Crise sem colapso: como o setor financeiro pode blindar a reputação de uma empresa

Mibriam Elhora
Mibriam Elhora
Robson Gimenes Pontes

Quando uma crise reputacional atinge uma empresa, os olhos se voltam rapidamente para os porta-vozes, o jurídico e o marketing. Mas é no setor financeiro que muitas vezes acontece o movimento mais crítico: o controle da confiança dos parceiros, dos investidores e da operação. E, neste ponto, a figura do líder técnico ganha protagonismo — mesmo que pouca gente perceba.

“Em uma crise, a reputação da empresa não depende apenas do que ela diz, mas do que ela prova”, afirma Robson Gimenes Pontes, especialista em estruturação e gestão de riscos. Para ele, o financeiro atua como bastidor da credibilidade. É o setor que mostra aos stakeholders que, apesar da turbulência, os números estão sob controle — e que há maturidade técnica para sustentar a empresa até que a confiança seja reconstruída.

Segundo Robson, os primeiros dias de uma crise são os mais sensíveis. A imagem da empresa está fragilizada, a mídia pressiona e, muitas vezes, a base de clientes e investidores começa a questionar a solidez da operação. Nesse momento, os relatórios financeiros passam a ser tão importantes quanto os comunicados oficiais.

“Você pode publicar uma nota perfeita. Mas se o fluxo de caixa mostra colapso, ou se os indicadores operacionais caem abruptamente, a percepção de risco se multiplica”, alerta.

Entre as medidas que o setor técnico pode — e deve — tomar diante de uma crise, Robson destaca:

  • Preparar relatórios de liquidez e estabilidade operacional atualizados e auditáveis;
  • Reforçar a governança nos processos de aprovação e alocação de recursos;
  • Atuar em conjunto com a área jurídica e de compliance para rastrear impactos financeiros da crise;
  • Monitorar a reação do mercado em tempo real para embasar tomadas de decisão;
  • Apoiar a liderança institucional com projeções de impacto e planos de contingência claros.

Em sua atuação, Robson já participou de projetos em que a preservação da empresa dependia mais da serenidade técnica do que da capacidade de comunicação pública. “Tem crises que não são resolvidas com discurso. São resolvidas com previsibilidade. E isso é função direta do financeiro.”

Ele também aponta que as empresas mais preparadas são aquelas que já operam com um modelo de gestão estruturado — com controles internos, análise de riscos contínua e processos bem documentados. Nessas empresas, o impacto da crise tende a ser menor, e a recuperação, mais rápida.

“Crises vêm e vão. O que permanece é a estrutura que você tinha antes de tudo começar. Se ela for sólida, a reputação pode ser restaurada. Se ela já era frágil, a crise só vai expor o que estava escondido.”

Autor: Mibriam Elhora

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