A transição energética no setor de transportes é parte essencial da construção de um futuro mais limpo e eficiente. Embora os carros elétricos ganhem destaque nas discussões públicas, essa transformação envolve muito mais do que veículos de passeio. Fontes alternativas como o biogás, o etanol de segunda geração, o hidrogênio verde e o fortalecimento do transporte coletivo fazem parte de um processo mais amplo. O administrador de empresas Fernando Trabach lembra que, para o Brasil, soluções diversificadas são mais realistas e sustentáveis no longo prazo.
Transição energética no setor de transportes exige visão sistêmica
A dependência brasileira de combustíveis fósseis ainda é elevada, especialmente no transporte rodoviário de cargas e de passageiros. Apesar disso, o país possui vantagens comparativas: uma matriz elétrica majoritariamente renovável, produção consolidada de biocombustíveis e grande potencial para fontes como o biometano e o hidrogênio.

Segundo Fernando Trabach, focar apenas em carros elétricos pode limitar o alcance da transição energética. É preciso considerar o transporte coletivo limpo, os modais ferroviários, o transporte de carga com gás natural renovável e a eletrificação de frotas urbanas. A combinação de diferentes fontes e tecnologias pode acelerar o processo, tornando-o mais justo e acessível.
Transporte público e mobilidade urbana como prioridades
A reestruturação do transporte público deve estar no centro da transição energética. Cidades que investem em frotas de ônibus elétricos, VLTs e metrôs movidos por energia limpa conseguem reduzir significativamente as emissões locais e melhorar a qualidade de vida da população. Além disso, ampliam o acesso à mobilidade, especialmente para as pessoas que mais dependem dela.
Fernando Trabach destaca que a mobilidade ativa — com ciclovias, faixas exclusivas e calçadas seguras — deve ser integrada a essa lógica. Incentivar o uso de bicicletas e caminhadas reduz a pressão sobre os sistemas de transporte e contribui para um modelo mais sustentável. Políticas públicas bem planejadas são indispensáveis para conectar todos esses modais e garantir fluidez no deslocamento urbano.
Logística e transporte de cargas também precisam evoluir
O transporte de mercadorias é outro ponto crítico da transição energética no setor de transportes. Caminhões movidos a biogás ou com motores híbridos, integração com ferrovias eletrificadas e uso de tecnologias para roteirização inteligente estão entre as soluções que já podem ser aplicadas. Grandes operadores logísticos e redes varejistas vêm testando iniciativas com bons resultados.
Empresas também investem em entregas de curta distância com bicicletas elétricas e veículos de pequeno porte. Conforme Fernando Trabach, esses modelos, aliados ao uso de energia solar e monitoramento em tempo real, reduzem custos operacionais e a pegada de carbono das entregas.
Barreiras e oportunidades para um futuro inclusivo
Apesar das boas perspectivas, ainda há desafios importantes. O alto custo inicial de veículos sustentáveis, a falta de infraestrutura para recarga ou abastecimento e a ausência de marcos regulatórios sólidos dificultam a adoção em larga escala. Pequenos transportadores e municípios distantes dos grandes centros têm acesso mais limitado a linhas de crédito e informações técnicas.
No entanto, iniciativas como subsídios, incentivos fiscais, financiamento público e programas de renovação de frota podem mudar esse cenário. A inclusão de critérios sociais nas políticas energéticas é essencial para garantir que a transição seja justa e beneficie a maioria da população.
Fernando Trabach defende que o Brasil precisa tratar o setor de transportes como prioridade em sua estratégia de descarbonização. Isso envolve desde investimentos em infraestrutura até apoio à pesquisa e capacitação técnica.
Conclusão
A transição energética no setor de transportes deve ir além dos carros elétricos. É um projeto coletivo que envolve transporte público, logística limpa, inclusão social e inovação tecnológica. Com planejamento, visão de longo prazo e participação ativa da sociedade, o Brasil pode construir um sistema de mobilidade verdadeiramente sustentável.
Autor: Mibriam Elhora